sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Crítica por Marcelo Adams

Esta foi a crítica que Marcelo Adams postou em seu blog sobrea peça - Kalashnikov, eu acabei de falecer, e você? - (http://marceloadams.blogspot.com/2011/11/kalashnikov-eu-acabei-de-falecer-e-voce.html):


O espetáculo resultante do Curso de Formação de Atores 2011 do TEPA está em cartaz na sede da escola (Cristóvão Colombo, 400), e deve ser visto por quem se interessa pelo teatro contemporâneo. A história dessa montagem, que envolve 19 alunos-atores, é assim: há alguns meses, a Jezebel de Carli estava procurando um texto para essa montagem, e que tivesse determinadas características (proporcionasse a participação de vários atores, fosse contemporâneo, tivesse uma temática instigante...). Imediatamente lembrei de um texto, Cruzadas, de Michel Azama, e sugeri à Jeze. Esse texto é muito especial para mim, recorrentemente volto a ele; há alguns anos fiz um projeto para montá-lo, que não foi aprovado. Depois, no final de 2009, quando estávamos montando Solos trágicos, dirigido pelo Roberto Oliveira, apresentei o texto a ele, como exemplo do trágico na dramaturgia contemporânea. O Roberto adorou, e trechos de Cruzadas foram utilizados nos fragmentos atuados por Daniel Colin, Fernanda Petit e Lucas Sampaio.
Agora a Jezebel, a Gina Tocchetto e a Tatiana Vinhais assinam a concepção e o roteiro dessa montagem, que por se tratar de uma adaptação de Cruzadas recebeu o título de Kalashnikov, eu acabei de falecer, e você?. Eu mesmo, como professor de Teoria e História do Teatro no TEPA ajudei pontualmente no trabalho de atuação de alguns dos alunos.
A encenação é vigorosa, contando com o trabalho corporal intenso dos atores, e embalados pela brilhante dramaturgia de Michel Azama. Cruzadas trata de guerras. Ainda que a ação principal se concentre no Oriente Médio, em uma fronteira que divide judeus e palestinos, há espaço para outras guerras (a invasão dos ocidentais em busca do Santo Graal, na Idade Média; a invasão do Iraque pelos norte-americanos; o massacre dos peles-vermelhas nos Estados Unidos, etc.). O trio de diretoras constrói um espetáculo musical, com banda rockeira ao vivo, coreografias entusiasmantes, imagens surpreendentes e entrega total do jovem elenco. É um espetáculo atualíssimo, não só pela temática da violência, mas pela forma encontrada para traduzir tudo isso em teatralidade. Fica em cartaz até dia 15 de dezembro, de terças a quintas, e é realmente imperdível.

por Marcelo Adams (http://marceloadams.blogspot.com/)

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